A Transição do Juízo: Do Pagão ao Moralista
A Carta aos Romanos apresenta uma construção argumentativa meticulosa, na qual o Apóstolo Paulo expõe a universalidade do pecado e a necessidade absoluta da justiça de Deus. Após descrever, no primeiro capítulo, a depravação do mundo gentílico — caracterizado pela idolatria e pela perversão moral —, o texto realiza uma transição abrupta e incisiva no início do segundo capítulo.
Até o final do capítulo 1, o discurso concentra-se naqueles que, conhecendo a Deus, não o glorificaram, entregando-se a paixões infames. Contudo, ao iniciar o capítulo 2, o foco muda. O "eles" da narrativa anterior dá lugar ao "tu". Surge, então, a figura do interlocutor imaginário: o moralista.